ATA DA NONAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 24-9-2012.
Aos vinte e quatro dias do
mês de setembro do ano de dois mil e doze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas
e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores
Adeli Sell, Carlos Todeschini, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, João
Antonio Dib, João Carlos Nedel, Jorge Correa, José Freitas, Maria Celeste,
Mauro Pinheiro, Nelcir Tessaro, Pedro Ruas, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra
e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Alceu Brasinha, André Carús, Bernardino
Vendruscolo, Beto Moesch, DJ Cassiá, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Elói
Guimarães, Engenheiro Comassetto, Idenir Cecchim, João Bosco Vaz, Kevin
Krieger, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Mario Manfro, Mauro Zacher, Paulinho Rubem
Berta, Professor Garcia, Valter Nagelstein e Waldir Canal. Durante a
Sessão, deixaram de ser votadas as Atas da Septuagésima Oitava, Septuagésima
Nona, Octogésima, Octogésima Primeira, Octogésima Segunda, Octogésima Terceira,
Octogésima Quarta, Octogésima Quinta, Octogésima Sexta, Octogésima Sétima e
Octogésima Oitava Sessões Ordinárias e da Vigésima Segunda, Vigésima Terceira,
Vigésima Quarta, Vigésima Quinta, Vigésima Sexta, Vigésima Sétima, Vigésima
Oitava e Vigésima Nona Sessões Solenes. Após, foram apregoadas Declarações
firmadas pelo vereador Idenir Cecchim, Líder da Bancada do PMDB, informando o
impedimento dos suplentes Dr. Raul Torelly, João Pancinha e Paulo Marques em
assumir a vereança do dia vinte e três de setembro ao dia sete de outubro do
corrente, em substituição ao vereador Sebastião Melo, tendo o senhor Presidente
declarado empossado na vereança, do dia de hoje ao dia sete de outubro do
corrente, o suplente André Carús, informando que Sua Senhoria integrará a
Comissão de Constituição e Justiça. A seguir, o senhor Presidente concedeu a
palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor João Augusto Volino Corrêa, Presidente
da Associação dos Moradores e Amigos da Auxiliadora de Porto Alegre, que
apresentou projeto de construção de passagem de pedestres na Rua Mata Bacelar
entre as Ruas Cândido Silveira e Xavier Ferreira. Em continuidade, nos termos do artigo 206
do Regimento, os vereadores Engenheiro Comassetto, Nelcir Tessaro, João Carlos
Nedel, Paulinho Rubem Berta, André Carús e Toni Proença manifestaram-se acerca
do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciaram-se a vereadora Sofia Cavedon e os vereadores Engenheiro
Comassetto, Idenir Cecchim, João Antonio Dib e Nelcir Tessaro. Na ocasião, por
solicitação do vereador Engenheiro Comassetto, foi efetuada verificação de
quórum, constatando-se a existência do mesmo. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciou-se o
vereador Mauro Pinheiro, em tempo cedido pelo vereador Elias Vidal. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador João Antonio Dib. Em
COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Engenheiro Comassetto, Mauro
Pinheiro, este em tempo cedido pela vereadora Fernanda Melchionna, Valter
Nagelstein, em tempo cedido pelo vereador Haroldo de Souza, e João Antonio Dib,
em tempo próprio e em tempo cedido pelo vereador João Carlos
Nedel. Após, foi efetuada verificação de quórum para ingresso na Ordem do Dia,
constatando-se a inexistência de quórum deliberativo. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 012/12,
discutido pelo vereador João Antonio Dib e pela vereadora Fernanda Melchionna;
em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 058 e 131/12. Ainda, os vereadores André Carús e Valter
Nagelstein pronunciaram-se durante o período de Pauta. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Toni Proença. Durante a Sessão, a vereadora
Sofia Cavedon e os vereadores João Antonio Dib e Valter Nagelstein
manifestaram-se acerca de assuntos diversos. Às dezesseis horas e vinte e
quatro minutos, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Mauro Zacher, Haroldo de Souza e
João Antonio Dib e secretariados pelo vereador Carlos Todeschini. Do que foi
lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos
senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Apregoo Memorando nº 43, de autoria da Seção de Registros e Anais desta
Casa. (Lê.): “Durante a 91ª Sessão Ordinária da 4ª Sessão Legislativa da XV
Legislatura, realizada hoje, foram apregoados documentos firmados pelo Ver.
Idenir Cecchim, Líder da Bancada do PMDB, informando que os suplentes Ver. Raul
Torelly, Ver. João Pancinha e Ver. Paulo Marques se declaram impedidos de
exercerem a vereança do dia 23 de setembro ao dia 07 de outubro de 2012. Em
face disso, o suplente André Carús foi empossado na vereança, em substituição
ao Ver. Sebastião Melo, do dia 24 de setembro ao dia 07 de outubro de 2012,
passando a integrar a Comissão de Constituição e Justiça – CCJ.”
Passamos à
O Sr. João
Augusto Volino Corrêa, Presidente da Associação dos Moradores e Amigos da
Auxiliadora de Porto Alegre, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10
minutos, para tratar de assunto relativo ao Projeto Passagem de Pedestres.
O SR. JOÃO AUGUSTO VOLINO CORRÊA: Boa-tarde, Vereadores e Vereadoras presentes, como Presidente da Associação
dos Moradores e Amigos do bairro Auxiliadora, estou aqui para apresentar um
vídeo comunitário a respeito dessa demanda importante para o bairro
Auxiliadora, que vai ser apresentada a seguir. O vídeo tem duração de
aproximadamente 10 minutos. Então, convido todos para assistirem ao vídeo.
Deixei o material explicando um pouco mais sobre o Projeto para os senhores
tomarem conhecimento mais detalhado. Muito obrigado.
(Procede-se à
apresentação em vídeo.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Acabamos de
assistir, então, à apresentação do vídeo da AMA – Associação de Moradores e
Amigos da Auxiliadora de Porto Alegre, por meio de seu Presidente.
O Sr. João Augusto
Volino Corrêa está com a palavra para suas considerações finais.
O SR. JOÃO AUGUSTO VOLINO CORRÊA: Presidente,
eu gostaria de salientar que existe uma mobilização importante dos moradores em
relação ao fato de que a Passagem de Pedestres é um projeto fundamental, e que
há uma promessa da Prefeitura no sentido de que neste ano seja executado o
projeto. Então, estamos todos aguardando, numa expectativa muito positiva, que,
finalmente, depois de três anos, este projeto possa ser executado; uma
benfeitoria importante na cidade de Porto Alegre e também do bairro
Auxiliadora. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver.
Engenheiro Comassetto está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Quero
cumprimentar a AMA, o seu Presidente e toda a sua Direção, que participa ativamente
dos debates desta Casa, seja na construção do Plano Diretor, seja nas
discussões dos temas da Cidade. E o tema que o senhor traz aqui, hoje, é da
mais alta relevância para que possamos construir uma Cidade que inclua, uma
Cidade que se paute na sustentabilidade. Como a reivindicação de vocês vem
nesse sentido, contem com a nossa Bancada. Porque na maior parte das vezes a
Cidade é pensada para os automóveis, quase que com exclusividade. Eu aproveito
para fazer um registro, aqui, de que há sete ou oito anos haviam sido excluídos
os automóveis do Centro da Cidade, mas, agora, abriu-se para que os automóveis
retomassem todo o Centro, isso em detrimento do pedestre. E gostaríamos de
pedir que o Governo apresentasse, de uma forma efetiva, o cronograma para a
execução dessa obra, porque nós temos tido experiências em que os acordos
feitos aqui nesta Casa não se cumprem e tampouco no prazo colocado. Então, nós
gostaríamos, a pedido da Bancada do Partido dos Trabalhadores, de solicitar ao
Líder do Governo que pudesse apresentar o cronograma para a execução da obra
que vocês aqui trazem, a Passagem de Pedestres, que tem o apoio da nossa
Bancada. Um grande abraço, muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Nelcir
Tessaro está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. NELCIR TESSARO: Sr. Presidente,
boa-tarde, quero cumprimentar o João Augusto, a AMA e o Movimento Moinhos Vive,
pois acho muito importante essa mobilização de todos os moradores do bairro
Auxiliadora. Sou morador do bairro, sei desse problema grave que há naquele
local, onde muitas vezes o lixo se acumula, sendo que a área poderia ser mais
bem aproveitada pela comunidade, já que não tem praça próxima e espaço para as
crianças terem o seu lazer. Embora o projeto preveja que ela será toda de
concreto, vai ter um espaço para as famílias se reunirem, sentarem, para as
crianças brincar, fazendo com que a Cidade viva, se torne segura. Na atual
situação, não há nenhuma segurança no local, mas, se colocar iluminação,
conforme foi apresentado no projeto, tenho certeza de que todos sairão
ganhando. Parabéns!
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.
Presidente; ilustre João Volino – já estivemos conversando antes –, tenho um
abaixo-assinado de parte da comunidade pedindo que seja examinada a
possibilidade de se fazer uma coisa dupla: a rua e o acesso de pedestres. Acho
que temos que dialogar mais profundamente, ou seja, para aquelas ruas todas
precisamos de um estudo mais aprofundado. Porque, hoje, a nossa mobilidade
urbana fica trancada, ali, então, eu gostaria que nós nos reuníssemos mais
profundamente com a CUTHAB e com outras Comissões desta Casa para ver se há a
viabilidade técnica de se fazer ali uma rua e uma passagem de pedestre. O
problema que estreitou essa passagem, no meu entendimento, foi a invasão de um
prédio. Aquela rua deveria ser a continuação da Rua Marquês do Herval, pois, se
seguirmos reto por ela, vai dar na Rua Marquês do Herval. Então, aquela casa
construída na Rua Coronel Bordini, no meu entendimento, é que invadiu a área
pública. Acho que temos que conversar mais, e esta Casa é um bom local para
esse diálogo. Obrigado por nos trazer este assunto importante, porque a
experiência que temos das passagens únicas de pedestres na Cidade não é muito
boa. Nós vimos que, em médio prazo, essas passagens são transformadas para
outras finalidades também. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver.
Paulinho Rubem Berta está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. PAULINHO RUBEM BERTA: Sr.
Presidente, quero cumprimentar o Presidente da Associação – também sou um líder
comunitário, embora seja da periferia – pelo excelente projeto que ele nos traz
hoje, solicitando nossa ajuda para que a Prefeitura o aprove.
Quero colocar à
disposição, em nome também dos meus colegas que a integram, a Comissão de Habitação
desta Casa, a CUTHAB, no sentido de fazermos uma reunião para sabermos onde é
que tem algum nó que precise ser desatado para nós botarmos isso em prática. Se
tiver que ser discutida uma modificação aqui ou ali, a CUTHAB seria o local
ideal. Estaremos à sua disposição e da Associação para encaminharmos e
solicitarmos uma audiência aqui na Casa, para sabermos como auxiliar nesse
projeto, que preservou até a água – eu vi o calçamento ali, não é asfalto, não
impermeabilizou, teve esse cuidado – e está privilegiando o que de mais sagrado
nós temos, que é o pedestre, o ser humano, nós todos. Fico à sua disposição.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. André
Carús está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ANDRÉ CARÚS: Primeiramente, eu
gostaria de cumprimentar o nosso Presidente da AMA, João Volino, com o qual já
estive junto em algumas situações discutindo questões relativas à Cidade.
No que toca ao
projeto aqui apresentado, é do meu conhecimento, pelo menos até enquanto eu
exerci a função de Secretário-Adjunto do Meio Ambiente desta Cidade, que essa
tratativa avançou, e muito, fruto também da disposição, do diálogo, sobretudo
do próprio Prefeito José Fortunati, bem como dos designados por ele, incluindo
o Centro Administrativo Regional Centro, que capitaneou a discussão com a
comunidade e com a própria Associação. Acredito que a transformação desse
espaço, para melhor, a sua qualificação com relação ao que hoje ali existe, é
fundamental para a comunidade, privilegiando naturalmente uma solução
sustentável, para que esse espaço seja devolvido à circulação das pessoas e com
uma solução que seja adequada principalmente para os moradores, que têm opinião
e querem ver aquele espaço revitalizado.
E quero lembrar ao
Ver. Comassetto, que fez aqui referência ao Centro Histórico, que o Centro
Histórico não é um espaço exclusivo dos veículos automotivos. A própria
Prefeitura Municipal foi quem restringiu, há pouco, a circulação de caminhões e
qualificou muito a mobilidade no Centro. E tem feito isso de maneira efetiva no
que diz respeito à fiscalização de trânsito. Então, a Cidade caminha a passos
largos para também construir soluções alternativas à mobilidade e à circulação
das pessoas. E isso é mérito, sim, do atual Governo, em respeito às questões
ambientais, às questões que envolvem pedestres, motoristas e também usuários do
transporte coletivo.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Ver.ª Sofia
Cavedon, V. Exa. fala por quem?
A SRA. SOFIA CAVEDON: Pela oposição.
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Mas o art.
206 do Regimento estabelece que será garantido o tempo de dois minutos para
manifestação de cada Bancada a propósito do tema abordado, que foi a Associação
Auxiliadora. A primeira vista, eu acho que a senhora não tem direito a falar
porque a Bancada do Partido dos Trabalhadores já fez uso da palavra com a
manifestação do Engenheiro Comassetto.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Haroldo, nós já
temos essa prática...
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Pela prática,
não; eu vou pelo Regimento. A senhora me desculpe, mas nós estamos encerrando.
Agradeço a presença
do Sr. João Volino e lhe passo a palavra, por um minuto, para as despedidas.
(Aparte
antirregimental do Ver. Engenheiro Comassetto.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Liderança?
(Pausa.)
A Ver.ª Sofia Cavedon
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Haroldo de Souza, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, Líder da
nossa Bancada, Ver. Comassetto, eu agradeço o espaço, Ver. Todeschini, Ver.
Mauro, porque acho que esta Casa está vivendo tempos obscuros. Não é possível,
Ver. Haroldo de Souza, que V. Exa. interprete o Regimento como quer e não
permita a discussão dos Vereadores, que são tão Vereadores quanto Vossa
Excelência. Se todos nós continuarmos sendo complacentes com isso, estaremos
perdendo dignidade e autoridade aqui nesta Casa. Todos os Vereadores que aqui
estão sabem que há intervenção de oposição e de situação, na Tribuna Popular,
desde que estamos aqui como Vereadores, que as Bancadas de situação e oposição
existem, que as Lideranças de oposição e situação existem, então eu fico pasma
com a omissão do conjunto de Vereadores desta Casa.
Mas eu gostaria,
João, de lhe pedir desculpas por teres que assistir a este momento de
autoritarismo, e também gostaria de lhe dizer que admiramos muito a tua
militância por uma Cidade sustentável, por uma Cidade equilibrada, por uma
Cidade que priorize o cidadão, o ser humano, a não poluição, as alternativas
não poluentes de transporte, de circulação. A AMA faz um belíssimo debate, no
momento em que ela procura revitalizar o Bairro, no momento em que ela tem se
envolvido nos debates da Cidade, no debate do Plano Diretor, no debate da orla,
do Cais. Isso, para a Cidade, é um orgulho. O que é lamentável é todo esse
tempo de luta por essa passagem de pedestres não ter resultado ainda neste
projeto belíssimo que aqui está desenhado. Eu acompanhei, lá no início, os
debates com o DMAE, já há uma cessão de uso feita pelo DMAE; a área era do
DMAE, e a Prefeitura já fez a cessão de uso para passagem de pedestres.
Segundo, a comunidade já se organizou, tem proposta, não está propondo que a
Prefeitura gaste; apenas quer que a Prefeitura regre uma cessão de uso, uma revitalização
realizada por empresários, com destino público, com garantia de acompanhamento,
de monitoramento, de segurança, de iluminação. Eu sei que há um projeto
belíssimo de exposição de arte numa passagem, ou seja, não é para ser uma nova
escadaria abandonada, não é um lugar que não tenha organização comunitária, que
não tenha projeto e não tenha apoio.
Portanto, é
inexplicável que a Prefeitura, que não tem que fazer quase nada – apenas
sinalizar, orientar e regrar –, não dê voz, não dê asas a uma comunidade tão
organizada, que só quer qualidade de vida, não para si, não para o seu bairro
só, mas para a cidade de Porto Alegre.
Eu, por um lado, me
espanto e me indigno e, por outro, enxergo as razões disso. Há uma escolha
nessa gestão, nesta Administração; há uma escolha nítida. Nós estamos vendo
sobre o que se trata a humanização do Centro neste Governo, nós estamos
assistindo. Quando chegamos ao Largo Glênio Peres, somos atropelados por carros
– atropelados. Primeiro, nós nos chocamos com marcas estrangeiras comandando a
entrada do Largo Glênio Peres, com as obras permanentes, com os erros de gestão
naquela recuperação, com a extinção das feiras de artesanato, das feiras de
economia solidária. Quer dizer, o povo, a cultura popular não são bem-vindos
nos espaços públicos da cidade de Porto Alegre por este Governo. Este Governo
prioriza o automóvel, sim; este Governo prioriza estacionamento; este Governo
prioriza a privatização, prioriza a exacerbação do lucro; prioriza, como nós
vimos aqui, na quarta-feira passada, na votação da quarta-feira passada, a
acumulação de solo criado, a apropriação privada do solo nesta Cidade, e
prioriza a expulsão, de preferência – o enquadramento dentro do Camelódromo –
do pobre. O pobre tem que sair do olho visto da rua; o artista popular, etc.
Então, esta é a marca, e é isso que vocês sofrem lá na AMA. Eu desejo que se
reverta, eu desejo que, nesta eleição, a população mude este quadro. E faço
aqui o meu registro de que, desde 2009, isso não ter tido um apoio ainda é
inexplicável.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver.
Engenheiro Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela
oposição.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Colegas
Vereadores e Vereadoras, prezado visitante João Augusto Corrêa, Presidente da
AMA, eu quero aqui iniciar pedindo desculpa ao senhor pela má condução desta
Casa pelo Presidente em exercício. Eu peço ao Presidente Mauro Zacher, em quem
nós votamos aqui, para que seja o Presidente da Casa. Porque o Ver. Haroldo de
Souza não tem condições morais e políticas de conduzir esta Casa, porque sempre
tenta cassar a palavra da oposição. E aqui todos sabem que, em Tribuna Popular,
todas as Bancadas têm direito a dois minutos; a oposição tem direito a dois
minutos e a situação tem direito a dois minutos. Portanto, Sr. Presidente,
corrija isso, porque nós aqui vivemos numa Casa democrática e construímos uma
Casa democrática. A nossa Bancada não vai mais compartilhar e compactuar com
essa postura antidemocrática desse Vereador que não merece estar nessa Mesa e
não merece aqui ter o quórum do PT e da oposição.
Então, prezado João,
o tema que o senhor traz é relevante aqui para a Casa, que é o conceito de
Cidade, que é nós discutirmos o que é prioridade numa Cidade, se é abrir as
ruas, se é colocar carro em detrimento das pessoas, ou é nós construirmos uma
Cidade onde o cidadão tem a prioridade. E aí tem o modelo de gestão.
O Ver. João Carlos
Nedel traz aqui que tem de haver diálogo. É verdade! Só quero registrar aqui,
Ver. João Carlos Nedel, que esta comunidade já entregou este Projeto em 2010.
Portanto, o diálogo não é por falta da sociedade. Onde está o trabalho
sintonizado da sociedade? Onde está o trabalho sintonizado da gestão pública
com o planejamento participativo fazendo essa discussão? Então, é isso que não
funciona, não funciona no sistema de planejamento para que ouçam as comunidades
e se projete isso conjuntamente. Quem não lembra do Largo Glênio Peres e de
todo o Centro da Cidade? Em 2004, não existiam ali automóveis, e a atual Gestão
retirou a prerrogativa dos pedestres, colocando os automóveis novamente no
Largo Glênio Peres; colocou os automóveis novamente na primeira quadra da Av.
Borges de Medeiros; colocou, novamente, no Centro da Cidade. Isso é um conceito
de cidade, e nós aqui precisamos enfrentar esse debate. Nós não concordamos com
essa orientação, com essa tese da atual Gestão, que prioriza o automóvel em
detrimento do transporte público e em detrimento do pedestre. A “pedovia” tem
que ter prioridade numa cidade, e aí eu digo o seguinte: uma “pedovia” com
qualidade. Vejam os nossos cadeirantes, as nossas pessoas deficientes visuais,
eles conseguem andar na cidade de Porto Alegre? Não conseguem. E nós aprovamos
um Plano Diretor de Acessibilidade aqui, e se anunciou que, no final do ano
passado, iniciariam as obras de reestruturação, e até hoje não se iniciou a
reestruturação do sistema de mobilidade e de acessibilidade urbana na cidade de
Porto Alegre. Agora, é claro, que num programa eleitoral cabe tudo, a cidade
que apresentam é uma cidade virtual, é uma cidade que não existe, uma cidade
que não apresenta condições de receber a cidadania em primeiro lugar.
Então, esta é uma
discussão que o senhor traz aqui, prezado João Augusto Volino Corrêa. E aqui há
o respeito que esta Casa tem com senhor e com a sua Associação, porque vocês
estão sempre presentes nos debates aqui do Plano Diretor, do Fórum de
Entidades, trazendo propostas, discussões. E eu quero registrar aqui que o
senhor e sua Associação sempre tiveram diálogo com esta Casa, e, de nossa
parte, sempre terão. Concluo minha fala, agradecendo a todos e já pedindo ao
Sr. Presidente para que faça verificação de quórum.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO (Requerimento): Solicito verificação de quórum.
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Solicito
abertura do painel eletrônico, para verificação de quórum, solicitada pelo Ver.
Engenheiro Comassetto.
Deixo claro que,
enquanto estiver aqui, na função de Presidente desta Casa, por ensinamento de
João Antonio Dib, vou seguir, rigorosamente, o Regimento da Casa. Não adianta
criticarem, não adianta dizerem que não tenho condições de estar aqui, que não
é o Vereador tal... Eu nem vou citar o nome, porque, citando o nome, na função
de Presidente ou de jornalista que sou, estarei dando uma colher de chá, e não
tem mais colher de chá. Agora, o Regimento, comigo na Presidência, não adianta
gritar aí de baixo, será rigorosamente obedecido. Abertura do painel, por
favor. (Após a verificação de quórum.) Quatorze
Vereadores, temos quórum.
Continuamos, claro,
um pouco conturbados, pedindo desculpas ao Sr. João Augusto Volino Corrêa. Esta é uma Casa democrática, e todos
falam o que querem; e cada um vai assumir aquilo que fala.
O Ver. Idenir Cecchim
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Ver.
Haroldo de Souza; Presidente da AMA, João Volino; Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, primeiro, quero dizer, Presidente Haroldo, que condições morais e
políticas V. Exa. tem, porque é Vereador e tem as mesmas condições políticas de
qualquer Vereador aqui. O Senhor foi eleito Vice-Presidente pela Casa, então,
acho que não precisamos discutir isso, e não vou discutir.
Agora, a Ver.ª Sofia
Cavedon é a favor e deve ser a favor da economia solidária. Ela reclama dos
lucros, Ver. Nagelstein, mas reclama do lucro dos outros, porque a economia
solidária, que ela tanto defende, junto com a Petrobras e com uma série de
estatais, cobra espaço público, pois cada espaço que essa economia solidária
tem lá no Largo Glênio Peres, ela cobra de quem expõe, de quem vende. Então,
ela é contra o lucro dos outros, porque o lucro dos dela, dos apaniguados da
Ver.ª Sofia Cavedon, ela é a favor. Ela reclama, e o Ver. Comassetto também
reclama, dos automóveis. Mas eu não sei mais... Essas contradições do PT, Ver.
João Bosco Vaz, eles estão perdidos. Eles reclamam dos automóveis, mas a
política do Governo Federal é vender automóveis. Eu acho que está certo, tem
que vender automóveis, tem que construir casas, mas a Bancada do PT aqui na
Câmara não quer! Querem botar os carros onde? Onde? Então, eu acho que nós
temos aqui a falta de coerência total. As praças do Centro Histórico, Ver.
André Carús, das quatro, três já foram entregues, estão novas! A que aparece
mais, a Praça Otávio Rocha, está linda, bonita e foi feita neste Governo. A
Praça da Alfândega está demorando muito? Está demorando bastante, mas
certamente o maior culpado chama-se Projeto Monumenta, que é do Governo
Federal. Esse, sim, está atrasando todas as obras do Centro pela morosidade e
pela incompetência de muitos técnicos que trancam a Prefeitura, senão já
estariam prontas há muito tempo. A Bancada do PT está simplesmente atordoada,
perdida, está sem saber o que dizer. Eu diria que está quase algemada, pois não
consegue mais se mexer; para o lado que se vira, tem um problema, uma
contradição. E nós estamos aqui a ouvir essas barbaridades e essas ofensas.
O Presidente Mauro
Zacher certamente saberá o momento de assumir. Agora, nós temos um
Vice-Presidente, eleito pela Casa, que cumpre o Regimento, queiramos nós ou
não. A Ver.ª Sofia não cumpria o Regimento quando foi Presidente. Cheguei a
pedir renúncia se ela não se comportasse direito, e ela voltou e se comportou,
por isso eu não pedi a renúncia dela.
(Aparte antirregimental
da Ver.ª Sofia Cavedon.)
O SR. IDENIR CECCHIM: Quando lhe
interessava, quebrava o Regimento! Rasgou o Regimento, sentou em cima, sei lá o
que fez! Mas não cumpria! Agora ela quer que o outro cumpra o Regimento. Mas
quem é... Ver.ª Sofia, não faça assim! Não cobre o Regimento, a senhora que
nunca leu o Regimento, pelo jeito, porque nunca cumpriu quando foi Presidente,
nunca cumpriu! Como é que vai exigir que se cumpra o Regimento? Então, eu quero
dizer que nós estamos aqui muito tranquilos e vamos ouvir sempre que a Bancada
do PT reclamar, porque é um direito, foram eleitos, são Vereadores de Porto
Alegre, e eu respeito o mandato de cada um, respeito mesmo! Agora, quanto à
incoerência, eu também quero ter o direito e vou exercê-lo para cobrar da Bancada
do PT. Eu entendo a Bancada do PT: ela está num momento muito difícil, muito
difícil. E eu só tenho a dar a eles a minha solidariedade como companheiro de
Parlamento. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver.
Haroldo de Souza; meu caro João Augusto Volino Corrêa, Presidente da Associação
dos Moradores e Amigos da Auxiliadora, e eu sou morador da Auxiliadora; Sras.
Vereadoras, Srs. Vereadores; eu quero lastimar profundamente o que ocorreu aqui
no dia de hoje. A Associação veio trazer uma sugestão, uma ideia, um
pré-projeto para que nós, civilizadamente, discutíssemos. Mas não foi o que
aconteceu. Existe uma figura chamada direito consuetudinário, que significa
que, se não tem lei, os costumes valem como tal. Agora, quando tem lei escrita,
se alguém cumprir a lei, não pode ser criticado, e o Regimento está escrito.
Mas, de qualquer forma, eu quero ler um pequeno trecho de um comentário que eu
fiz na rádio Guaíba em 1995 (Lê.): “No dia 5 de abril de 1940, o Prefeito
Loureiro da Silva [o maior Prefeito que esta Cidade teve], pelo Decreto nº 79,
denominava uma via pública. Dizia o Decreto: ‘Fica denomina Rua Xavier Ferreira
a nova via pública aberta entre as ruas 24 de Outubro e Marquês do Herval, no
bairro Moinhos de Vento’. No entanto, o trecho da Marquês do Herval, entre
Bordini e Mata Bacelar, ainda que a área pertencesse à Prefeitura, nunca foi construído.
Culpa de ninguém”. Então, na realidade, agora há um problema que deve ser bem
equacionado e bem estudado. A Prefeitura, autorizada pela Câmara Municipal – e
a Prefeitura, hoje, foi muito criticada –, não tinha nada que ver, mas é
período eleitoral, vale. A Prefeitura, com autorização plena da Câmara
Municipal, fechou todas as passagens de pedestres na Cidade e recebeu
autorização para vender a passagem para os imóveis lindeiros. Eu morei no
bairro Três Figueiras, e lá tinha uma passagem que a Prefeitura fechou e vendeu
para os lindeiros. E assim, em toda a Cidade, aconteceu isso.
Essa colocação que a
Associação faz é um pouco diferente porque lá há uma escadaria, iluminação,
abre e fecha em determinados horários, alguém se responsabiliza, e é a Associação
que vai fazer isso. Então, vale a pena ser estudado.
É profundamente
lamentável, como diria o locutor esportivo, o que está acontecendo aqui agora;
inclusive, inédito. Enquanto as pessoas estavam falando com a Câmara, pediu-se
verificação de quórum, sem que tivesse havido a despedida da entidade que
representa o seu bairro, a sua rua, enfim, uma entidade representativa. É
triste. Eu não gostei de ver o que aconteceu. Faltam 99 dias ainda para eu ir
embora, mas, dentro de 99 dias, eu serei o ex-Vereador João Antonio Dib. Saúde
e PAZ!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Toni
Proença está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. TONI PROENÇA: Obrigado, Presidente.
Eu fiz questão de vir aqui, João Volino, saudar a tua atuação e a atuação da
Diretoria da AMA, principalmente porque vocês não esperaram o Poder Público
construir a solução, apresentaram ao Poder Público a solução. É louvável quando
a comunidade se reúne, se mobiliza e se associa ao Poder Público para construir
uma solução que ela, a comunidade, decidiu como prioritária. Parabéns a ti e à
Diretoria da AMA principalmente por organizar a comunidade e propor uma
parceira com o Poder Público, e não ficar aguardando o Poder Público. Portanto,
o que pode esta Casa fazer é ajudar a mobilizar a Prefeitura para executar a
solução já encontrada pela própria comunidade.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Não havendo
mais Bancadas a se pronunciar, estamos encerrando a Tribuna Popular,
agradecendo a presença do Sr. João Augusto Volino Corrêa, Presidente da
Associação dos Moradores e Amigos da Auxiliadora de Porto Alegre. Disponha
desta Casa. (Pausa.)
O Ver. Nelcir Tessaro
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
(O Ver. Mauro Zacher
assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. NELCIR TESSARO: Sr. Presidente, Ver.
Mauro Zacher; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos assiste; vamos
entrar, então, na nossa Sessão, especificamente, do dia de hoje, já que tivemos
aqui o nosso visitante. Lamento não estar presente o Ver. Dr. Thiago Duarte,
que é ligado à Saúde, pois quero fazer minha manifestação sobre o que nós
estamos vendo nas vilas de Porto Alegre. Nós estivemos, no dia de ontem pela
manhã, visitando a Vila dos Sargentos, que, para quem não sabe onde fica, fica
lá ao lado do Exército, na ponta do Guaíba. Estava previsto que o
Socioambiental chegasse até lá para retirar aquelas famílias que agora, com o
adensamento, chegam a quase 350, Ver. Comassetto, pelo que eu vi ontem. Desde
2006, elas estavam cadastradas no Socioambiental, mas, lamentavelmente, foram
excluídas do programa e estão em estado de calamidade.
Existe um terreno
ali, no Exército, cuja transação com a Prefeitura foi feita para a construção
de moradias, que, inclusive, pode ser através do Minha Casa, Minha Vida. Mas
sequer um projeto habitacional foi feito para aquelas comunidades, aquelas
pessoas que estão vivendo em situações que não dá para descrever, não dá nem
para divulgar as fotografias do estado da calamidade porque é chocante a
situação. Naquele local, só tem uma creche que atende apenas a 15% das crianças
que lá estão, 15% das crianças! Isso é lamentável porque não existe previsão, e
as famílias não conseguem trabalhar, principalmente as mães, porque não têm
onde deixar suas crianças.
Aproveitando que o
Ver. Dr. Thiago Duarte está presente também, eu quero falar um pouco sobre a
Saúde. Lá tem um painel onde tem o posto de saúde local para atendimento
àquelas famílias; estão na parede os nomes dos médicos que atendem ali, e
quantas consultas há para o dia. Por incrível que pareça, naquela comunidade
são distribuídas cinco fichas de atendimento por dia, que são disputadas pelas
primeiras cinco pessoas que chegarem na madrugada. Sei que o atendimento é de
20 horas. Ora, se é de 20 horas, daria para atender 15 pessoas, Ver.
Comassetto, seriam 15 atendimentos por dia, Ver. Dr. Thiago Duarte! E o senhor
sempre tem dito que todos os postos de saúde estão normais na Cidade! Eu até
acreditava, porque não tinha visitado tantos; tinha visitado, muitas vezes, o
da Vila Pitinga, onde as pessoas, doentes, muitas das vezes têm que fazer três
escalas para chegarem até o posto de saúde, pelo aclive, pelo morro; se não
estiverem bem do pulmão, vão morrer antes de chegar. Ao me deparar com uma
situação como a que vi ontem de manhã, em que são distribuídas cinco fichas por
dia, não posso acreditar que a Saúde vá bem em Porto Alegre; não posso
acreditar que alguém diga que a Saúde está informatizada, que todos podem
marcar consulta por telefone ou pelo computador. Vimos um cadeado e uma placa
na porta; a placa, que foi fotografada, diz que só há cinco médicos para
atendimento, sendo que três estão em férias, dois estão atendendo, e cinco
fichas por dia. Que saúde é essa? Que saúde é essa, em que as pessoas não têm
condições de serem atendidas?
Uma senhora de idade,
porque o posto não atendia, estava com um problema que achava que era
taquicardia, saiu às 4h da manhã e veio até o Pronto Socorro; no Pronto Socorro
– era sábado à noite –, ela não foi atendida. Retornou ao seu bairro porque no
Pronto Socorro lhe disseram que havia pessoas em estado mais grave que ela:
havia diversas pessoas baleadas ou que tinham sofrido outros tipos de
violência. Retornou à sua casa, e ontem, às 5h da tarde, ela estava sentada em
sua casa sem nenhum atendimento e sem saber se iria morrer ou viver!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado, Ver.
Nelcir Tessaro.
Passamos ao
O Ver. Dr.
Thiago Duarte está com a palavra em Grande Expediente. (Pausa.) O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra em
Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Elias Vidal.
O SR. MAURO
PINHEIRO: Ver. Mauro Zacher, é bom
vê-lo novamente presidindo a Sessão, trazendo um pouco mais de tranquilidade ao
Plenário. Quero aqui cumprimentar as Vereadoras, os Vereadores, o público que
nos assiste pelo Canal 16 e das galerias; aproveito para agradecer o Ver. Elias
Vidal, que cedeu o seu tempo de Grande Expediente, um tempo precioso aos
Vereadores, para que eu pudesse fazer um balanço da CPI do Instituto Ronaldinho
Gaúcho, Ver. João Antonio Dib, o que, infelizmente, até então não tive
oportunidade.
A CPI do Instituto Ronaldinho surgiu por suspeitas que tínhamos do convênio
da Prefeitura Municipal de Porto Alegre com o Instituo Ronaldinho Gaúcho.
Fizemos um primeiro Pedido de Informações que, ao ser respondido, deixou-nos
com mais dúvidas; fizemos um novo Pedido que veio com respostas diferentes das
do primeiro. Então, cada vez mais aumentavam as nossas dúvidas.
Buscamos as informações dos Pedidos de Informações feitos por outros
Vereadores, e cada um tinha uma resposta diferente! Isso aumentou a nossa
suspeita, o que nos fez investigar.
No início de 2011, pedimos a abertura de uma CPI e começamos a coletar as
assinaturas. Quando propusemos a abertura da CPI, imediatamente – e agora
entendo o porquê – o Governo agiu, e os Vereadores da base do Governo tentaram
impedir essa CPI, e o Ver. Professor Garcia, presidente da CECE à
época, imediatamente puxou o assunto para a sua Comissão e, através da sua
relação com o Governo, chamou a Secretária de Educação e outras pessoas para
prestarem esclarecimentos na Comissão – as pessoas que estávamos citando nos
Pedidos de Informações –, tentando impedir a abertura da CPI nesta Casa. Mas na
Comissão de Educação o debate foi árduo e ali se viu que não havia como
explicar, e quanto mais se discutia, mais dúvidas surgiam. O Governo já
demonstrava a sua preocupação e a sua tentativa de impedir a CPI sobre o
convênio da Prefeitura com esse Instituto.
A Sra. Sofia Cavedon: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Mauro, desculpe interrompê-lo no início
da sua fala, mas quero concordar com V. Exa. Nós tivemos muitas dificuldades de
fazer qualquer investigação nas duas CPIs que aqui foram instaladas: a do
ProJovem e a do Instituto Ronaldinho Gaúcho. Duas investigações instaladas
nesta Casa nos últimos períodos, que tiveram como resultado relatórios muito
aquém da realidade, decepcionando a sociedade gaúcha e – eu acho – tirando o
crédito deste Parlamento. Quero, inclusive, parabenizá-lo pelo grande esforço
sobre o tema do Instituto Ronaldinho Gaúcho, porque foram muitos milhões, assim
como na Saúde, como no ProJovem, dos quais até agora não recuperamos os
recursos públicos da cidade de Porto Alegre, que somados chegam perto de R$ 30
milhões. Vou repetir para que a população ouça: foram quase R$ 30 milhões! Eu
instalei a CPI da Saúde – por isso o Ver. Cecchim subiu à tribuna para dizer
que não me comportei como Presidente –, porque eu acho que Vereador tem que
investigar e recuperar o dinheiro público; ele achou que isso foi falta de
comportamento! Considero a fala dele machista, mas é uma fala de quem não quis
a CPI, que combateu a CPI, tanto que queria me tirar da Presidência por causa
disso. Mas as duas CPIs as quais V. Exa. agora se refere, especificamente a do
Instituto Ronaldinho Gaúcho, foram justas, corretas, como a da Saúde tinha que
ter saído. Foram quase R$ 30 milhões que a cidade de Porto Alegre perdeu de
recursos públicos, Ver. Mauro, e que nós, da oposição, estamos tentando
recuperar.
O SR. MAURO PINHEIRO: Muito obrigado, Ver.ª
Sofia. Com certeza, essa é a principal função do Vereador: fiscalizar a
aplicação dos recursos públicos e o acompanhamento do Orçamento do Município.
Infelizmente, nós tivemos muitas dificuldades para fiscalizar, porque a maioria
dos Vereadores é da base do Governo. A CPI do Instituto Ronaldinho iniciou, e
nós, mesmo com todas as dificuldades, fomos avançando, e a cada oitiva, Ver.ª
Sofia, a cada documento que se recebia – foram mais de 10 mil páginas que
vieram da Secretaria de Educação –, mais dúvidas, mais suspeitas surgiam.
Algumas coisas se comprovaram já nos primeiros documentos enviados para a CPI:
a contratação da empresa terceirizada para execução de convênio, em que a
terceirização era vedada; os pagamentos irregulares em convênios; as prestações
de serviços não comprovadas; o desvio de finalidade em empresa pública – a
PROCEMPA; a não observância de legislação Municipal na prestação de contas de
convênio, e apresentação de documentos sem validade fiscal na prestação de
convênios, que foram aceitas e pagas pela Secretaria.
Ainda ficamos
sabendo, na primeira semana de instalação da CPI, que, além dos seis convênios
firmados com o IRG, a Prefeitura também contratou a Fundação Simon Bolivar, de
Pelotas, sem licitação, por R$ 707 mil, em 2007, para atuar dentro do Instituto
Ronaldinho Gaúcho, Ver. Tessaro. Então, somando todos os convênios entre a
Prefeitura, o Instituto Ronaldinho Gaúcho, a Fundação Simon Bolivar, Ver.ª
Fernanda, foram mais de R$ 6 milhões que a Prefeitura colocou dentro do
Instituto Ronaldinho Gaúcho, para um convênio de três anos, para atender a 700
crianças. É bastante recurso, quando nós estamos acostumados a ver as creches
comunitárias com recursos muito escassos, mas com muito rigor na cobrança
dessas creches comunitárias. Com o Instituto Ronaldinho foi diferente, foi
bastante recurso e quase nenhum rigor na cobrança das prestações de contas.
Isso nos deixava cada vez mais alarmados, Ver. João Antonio Dib, sem contar que
a base do Governo fez de tudo, durante a CPI, para impedir os procedimentos,
como por exemplo, a convocação das pessoas para termos as oitivas, a busca dos
documentos para quebra de sigilo, que foi solicitado – contra tudo isso a base
do Governo lutou para que a CPI não tivesse um bom desempenho.
Entre os
requerimentos que foram rejeitados, vou destacar alguns, Ver. João Antonio Dib,
que, se fossem aprovados, a nossa tese de que houve corrupção de agentes
públicos na parceria com o Instituto Ronaldinho Gaúcho ficaria comprovada. Por
exemplo: o Requerimento de convocação da ex-Secretária, Marilu Medeiros, foi
reprovado – ela era uma pessoa chave para a CPI; infelizmente, a base do
Governo, com a sua imensa maioria, impediu a convocação de uma ex-Secretária,
que participou ativamente dentro do Projeto Instituto Ronaldinho Gaúcho.
O Requerimento de
quebra de sigilo do Instituto Nacional América e dos seus dirigentes também foi
rejeitado pelos Vereadores da base do Governo. Ali estava uma das partes
principais dessa CPI, em que nós poderíamos comprovar os R$ 576 mil do convênio
entre Prefeitura, Instituto Ronaldinho Gaúcho e Instituto Nacional América,
comandados pelo Sr. Italgani Mendes, o qual chegou aqui, na sua oitiva, dizendo
que não tinha participação, que era apenas um consultor. Quando nós perguntamos
para ele e para o Presidente do Instituto Nacional América, Sr. Ranheiri,
então, que, se era uma Instituição sem fins lucrativos que estava sem nenhum
problema, por que não abrir e quebrar o sigilo? Eles não quiseram quebrar o
sigilo e disseram que somente com base na Justiça poderiam abrir os seus
sigilos. Os Vereadores da base do Governo desta Casa não tiveram coragem de
quebrar o sigilo, porque ali nós iríamos comprovar, sim, a corrupção que esteve
presente no Instituto Ronaldinho Gaúcho, junto com a Prefeitura Municipal de
Porto Alegre e Instituto Nacional América.
Apesar de todas as
manobras dos Vereadores da base do Governo e do Governo, que tentaram impedir,
em todos os momentos, o bom andamento da CPI, nós conseguimos levá-la adiante.
Conseguimos, ao final da CPI, através do nosso Relatório, demonstrar mais de R$
2 milhões em irregularidades, Ver. João Antonio Dib. Tanto é verdade que o
Ministério Público do Estado e o Ministério Público Federal e o Tribunal de
Contas receberam nossos documentos, nos agradeceram por estes, pelo nosso voto
separado. E hoje, Ver. Tessaro, existe uma frente entre o Ministério Público do
Estado e o Tribunal de Contas que está investigando, sim, com base nos
documentos, nas oitivas, no Relatório e no voto separado que fiz – estão
trabalhando em cima disso; nos dizem que, até o final deste ano, nós teremos o
resultado em cima desses documentos. Ver. João Antonio Dib. V. Exa. pode ter
certeza que, apesar de todas as dificuldades e de, várias vezes, o próprio
Líder do Governo dizer que os Vereadores desta Casa não tinham competência para
uma CPI, não tinham condições de investigar, não sabiam fazer e que não
teríamos resultado, foram comprovadas, através desse voto separado, essas
irregularidades, e isso está lá no Tribunal de Contas. E tenho certeza de que,
até o final do ano, o resultado chegará. O próprio Ver. Waldir Canal, que faz
parte da base do Governo, no seu Relatório final, também apresenta várias
irregularidades, só que de um ponto de vista diferente. O seu Relatório
apresenta as irregularidades que não se contradizem ao nosso voto separado;
apenas diz que não há irregularidades, e ele está dizendo ao Prefeito que, da
próxima vez, não faça isso.
Ora, vejamos, Ver.
Brasinha, é certo que as irregularidades aconteceram e ficaram comprovadas, e
tenho certeza de que, agora, em cima desses documentos, serão tomadas
providências pelo Tribunal de Contas, Ministério Público Estadual e Federal.
Quero destacar,
agora, Ver. João Antonio Dib, algumas citações que merecem o nosso destaque,
que estão no nosso voto separado. A Prefeitura elaborou um termo de convênio em
que estava claramente escrito que não seria permitida a terceirização do
Projeto Letras e Gols. A Prefeitura e o IRG assinaram o termo de convênio
concordando formalmente com a cláusula que vedava a prática de terceirização.
Só que a própria Secretária de Educação, durante a CPI, disse que houve
terceirização, assumiu a terceirização, inclusive nas perguntas do Ver.
Todeschini. Depois, o próprio Presidente do Instituto Ronaldinho Gaúcho, Sr.
Assis, nos disse aqui na oitiva que foi recomendação da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre a contratação da Cooperativa Integral, a qual foi terceirizada, e
a Prefeitura pagou esses recursos, quando, no convênio, estava expresso que não
poderia fazer. E a Secretária assumiu e o Presidente do Instituto assumiu que
quem indicou a Cooperativa foi a própria Prefeitura. Portanto, as
irregularidades aconteceram. E também o Secretário Busatto esteve aqui presente
e disse que nós estávamos sendo muito rigorosos e que, se todos os convênios da
Prefeitura tivessem o rigor que nós estávamos tendo com o Instituto Ronaldinho
Gaúcho na CPI, esses convênios teriam fim. A Prefeitura, então, Ver. João
Antonio Dib, quer dizer que não tem uma cobrança em cima dos convênios, e isso
é preocupante!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado,
Ver. Mauro Pinheiro.
O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver.
Mauro Zacher; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, meus senhores e minhas
senhoras, 99 dias faltam para que eu seja um ex-Vereador de Porto Alegre, e eu
não precisava ter ouvido todo esse longo discurso do Presidente da CPI do
Instituto Ronaldinho Gaúcho, o Ver. Mauro Pinheiro! Eu não precisava!
Honestamente, não! Eu disse que a CPI era a Comissão “para lamentar”, e não me
enganei! Era Comissão “para lamentar” de inquérito! Eu também disse que não
tinham competência para fazer questionamentos! Disse e reafirmo hoje: a maioria
dos Vereadores não tem condições de fazer isso. Eu posso dizer lá Câmara Federal
a mesma coisa, e no Senado também, mas eu só conheço bem a Câmara Municipal.
Agora, sempre fala na
maioria do Governo. Mas que maioria é essa em que o Relator foi colocado com
dois votos do Presidente, e o Presidente não respeita o Relator? Que maioria é
essa? Que maioria é essa? Foram seis a seis, com voto de Minerva, não! Foi com
voto de “me enerva”, do Ver. Mauro Pinheiro! Mas, como eu sou atento, como eu
fico todo o tempo quando tenho um trabalho a fazer, um dia eu perguntei ao Ver.
Mauro Pinheiro, logo depois ao dia imediato à oitiva do Sr. Roberto Assis
Moreira: quem foi que ganhou na CPI até agora? A resposta foi: “O Assis!” Ele
ganhou uma página inteira no jornal Zero Hora! E a Comissão Parlamentar de
Inquérito está lamentando o quê, agora? Não aceita o Relatório; faz um
Relatório paralelo maior do que todos os relatórios que já foram feitos. Não é
a primeira vez! Em outra Comissão, o Relator era o Ver. Reginaldo Pujol, e o
Ver. Mauro Pinheiro fez um relatório à parte. Não sei por que nós fazemos
comissões “para lamentar” depois. Já que estamos lamentando antes, não fazemos
a comissão!
Agora, analisar os
documentos que são trazidos aqui, pedir que seja quebrado o sigilo bancário?
Quem somos nós para estarmos quebrando sigilo bancário?
Que provas, que documentos nós temos que indicam que alguma questão esteja tão
equivocada? Para que serve a documentação trazida, 1.900 páginas num Pedido de
Informações respondido ao Ver. Mauro Pinheiro? O Ver. Adeli Sell e o Ver. DJ
Cassiá –acho – também fizeram um Pedido de Informações sobre o mesmo problema,
receberam informações! Nós não tínhamos necessidade... Agora, a maioria da
Bancada do Governo... Eu não tenho culpa se os deles não estavam aqui no
plenário, mas foi ele que decidiu quem seria o Relator, não fui eu! Eu não
votei no Relator. Foi correto o Relator, sem dúvida nenhuma. Eu queria que
houvesse uma votação à altura das necessidades para atender a Lei Orgânica, o
Regimento interno; mas o Presidente decidiu que ele tinha o “voto de
qualidade”, não era o de Minerva. E qualidade era o que faltava para que se
fizesse uma comissão à altura, e que mostrasse para a Cidade a realidade. Um
dos convênios era do Ministério da Justiça! A cidade indicada pelo hoje
Governador do Estado, Tarso Genro! E a Prefeitura devolveu o dinheiro que
glosou. Outro, foi Prefeitura e Ronaldinho. Agora, o que tem o Instituto de
Pelotas, a Fundação Simon Bolívar? Não estava escrito na Comissão Parlamentar
de Inquérito que tem objeto definido. Então, Ver. Mauro Pinheiro, saúde e PAZ!
(Não revisado pelo
orador.)
(De ofício, o Sr.
Presidente procede à inversão da ordem dos trabalhos, passando imediatamente às
Comunicações.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Passamos às
O Ver. Engenheiro
Comassetto está com a palavra em Comunicações.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr.
Presidente, Ver. Mauro Zacher, é uma satisfação tê-lo na condução dos
trabalhos, e gostaríamos que V. Exa. pudesse estar sempre presente, porque a
nossa Bancada não confia na gestão e na condução dos trabalhos feita pelo Ver.
Haroldo de Souza. Registro isto novamente, porque é uma questão de princípio da
democracia.
Neste período de
Comunicações, Ver. João Antonio Dib, como nós sempre fazemos, discutimos os
temas da Cidade e cumprimos o papel que cada um de nós tem aqui nesta Casa – no
meu caso, como Líder da Bancada do PT e da oposição –, se nós não
estabelecermos um diálogo franco, forte, com conteúdo, sim – de nossa parte,
sempre –, que trate dos temas da Cidade e que aponte o contraditório, não
precisará haver situação e oposição. E quando, há poucos minutos, veio à
tribuna, primeiro, o Ver. Nelcir Tessaro, trazendo o descomando da Saúde na
cidade de Porto Alegre, esse retrato que ele trouxe da Vila da Serraria, Ver.
Bosco, onde há quatro médicos no posto, três de férias ao mesmo tempo e somente
um médico atendendo e onde há uma placa imensa na porta dizendo que a população
só tem direito a cinco fichas para tratar da saúde... E, naquela comunidade da
Serraria, residem aproximadamente 15 mil pessoas! Será que o Secretário, que
agora é candidato a Vereador, não teve a capacidade de fazer a gestão, de
organizar a Saúde em Porto Alegre nesse período? A mesma Saúde cujos repasses o
Ver. João Antonio Dib insiste em dizer que o Governo Federal vem diminuindo e cujos
repasses eu venho afirmando que foram crescentes nos últimos dez anos e que
hoje nós temos R$ 439,00 per capita
no repasse do Governo Federal ao Município de Porto Alegre. Aí, quando nós
levantamos o debate do desvio de R$ 20 milhões pelo Instituto Sollus, cuja
investigação a Bancada que o meu querido Ver. João Antonio Dib representa se
negou a buscar. Nós vamos manter esse debate, porque esse é o nosso papel.
Nosso papel é fazer com que a transparência pública exista, o nosso papel de
oposição é fazer com que os programas e projetos sejam bem aplicados.
Infelizmente, a Saúde, em todas as pesquisas que têm sido realizadas – eu
insisto em repetir isso –, aponta a Saúde pública como problema número um da
cidade de Porto Alegre. Ou melhor, a falta de Saúde pública, porque, nos postos
de saúde, uma mãe tem que ir às 3 horas da madrugada para a fila, e, ao chegar
o horário de receber a ficha, há só cinco fichas, então ela não consegue o
acesso, tem que voltar no dia seguinte com os filhos nos braços chorando de dor
ou sem a constatação de qual é a sua doença... Essas famílias, essas
comunidades se sentem desamparadas, e é papel nosso aqui, sim, fazer esse
debate, é papel nosso, sim, fazer com que esses temas sejam resolvidos pelo
Gestor, e o Prefeito Municipal é o responsável pela gestão. Independentemente
do Partido que esteja lá, ele é o responsável! E um momento como este, claro
que é o momento oportuno para que o debate se instale, mas que possamos fazer
isto com a grandeza que tem a política, com a grandeza que têm os nossos
antepassados que construíram esse processo democrático.
Muitos reclamam do
processo democrático, muitos reclamam do nosso sistema do Parlamento e do
Executivo, mas, se existir um modelo melhor, ainda não foi implementado, e cabe
a nós, aqui, no dia a dia, fazer essa qualificação. Grande abraço. Muito
obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): O Ver. Márcio
Bins Ely está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Mauro
Pinheiro está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Ver.ª Fernanda Melchionna.
O SR. MAURO
PINHEIRO: Ver. João Antonio Dib,
fui prejudicado, pois foram só 15 minutos de Grande Expediente, não consegui encerrar a minha fala, então continuarei agora.
Outro fato importante,
Ver. João Antonio Dib, que se esforça muito em defender o Governo – o que não
deve ser fácil –, foi o fato de que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
dois anos depois de encerrar o convênio, criou um Grupo de Trabalho para
analisar a prestação de contas do Instituto Ronaldinho Gaúcho. Dois anos após
encerrar o convênio! Por que será? Será que foi pelos Pedidos de Informações
que este Vereador fez e pelos pedidos de instalação de CPI? Então, já valeu a
pena, porque a Prefeitura, a partir daí, resolveu verificar como estava o
convênio. E buscou uma série de irregularidades, levando, inclusive com a CPI e
esse Grupo de Trabalho, o Sr. Assis, que é o Presidente do Instituto Ronaldinho
Gaúcho, no seu depoimento, já vir com um depósito, Ver. Brasinha, de R$ 354
mil.
Então, a CPI já deu
resultado, Ver. João Antonio Dib, porque fez a Prefeitura trabalhar, fazer o
seu serviço de analisar os convênios. E, além disso, conseguimos fazer retornar
aos cofres públicos R$ 354 mil, já num primeiro momento, Ver. João Antonio Dib.
Então, a CPI já teve um primeiro resultado positivo. Sem contar que, aqui neste
plenário, também, durante a CPI, houve um Vereador que deu a ideia – eu acho
até que foi o Ver. Valter – de que a Prefeitura desapropriasse o Instituto Ronaldinho
Gaúcho e de que ali fosse feito um programa para as crianças da Zona Sul.
Então, a CPI já teve mais um avanço. Se não me falha a memória, a ideia foi do
Ver. Valter Nagelstein. Portanto, a CPI teve, sim, avanço!
Ver. João Antonio
Dib, o senhor falar que os Vereadores não têm condições, que não deveria ter
CPI, porque nós não conseguimos investigar, mas, no fundo, no fundo o senhor
sabe que a CPI tem condições de investigar, os Vereadores desta Casa conseguem
investigar. Tanto é que queriam acabar com a CPI, porque ela estava ficando
perigosa para o Governo, porque as investigações começavam a avançar e a
descobrir coisas que não interessavam ao Governo. E a CPI avançou. O resultado
final é a comprovação de irregularidades de R$ 2.123.000,00 que nós buscamos.
Estamos dizendo essa irregularidade no nosso voto em separado; estamos dizendo
quem são os responsáveis, e o senhor pode ter certeza, Ver. João Antonio Dib,
que, até o final do ano, com a força-tarefa entre o Ministério Público
Estadual, Tribunal de Contas e também o Ministério Público Federal, vão
aparecer os responsáveis, que vão ser responsabilizados. A sociedade é quem vai
ganhar com isso, porque vai ter recursos de volta para o Município para serem
bem aplicados onde se precisa aplicar: nos postos de saúde, onde faltam
médicos, nas creches comunitárias que faltam na Cidade, no esgoto, no asfalto
em frente à sua casa... Não na dos “amigos do rei”, porque ultimamente estamos
vendo um apelo muito forte de alguns usando toda a máquina nas suas campanhas
eleitorais privilegiando uns poucos, ao contrário do que é o Orçamento
Participativo e o que sempre pregamos, que é buscar o bem comum da Cidade, que
é o que a CPI buscou, recuperar recursos que foram mal aplicados para que as
senhoras e os senhores que estão em casa possam ter o privilégio de ter bons
médicos e escolas, mas infelizmente isso não está acontecendo hoje. Muito
obrigado. Saúde e paz, Ver. João Antonio Dib.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado,
Ver. Mauro Pinheiro.
O Ver. Valter
Nagelstein está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver.
Haroldo de Souza.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Ver.
Mauro Zacher; Srs. Vereadores, meu querido pai, que aqui está, sempre me dando
força – e isso é importante –, Ver. Valdir Fraga, Ver. João Dib, meus
companheiros Ver. Haroldo de Souza e Ver. João Bosco Vaz, meu colega Ver. André
Carús – bem-vindo mais uma vez, que abrilhanta, que engrandece este Legislativo
toda vez que aqui assume a sua cadeira –, Ver. Paulinho Rubem Berta, Ver. João
Dib, Ver. Haroldo. Eu quero dizer, com relação ao que eu vi e tenho visto na
condução da Presidência do Ver. Haroldo, que ele, assim como eu e como qualquer
um de nós, tem as suas idiossincrasias. Todos nós temos coisas que as pessoas
gostam e que as pessoas não gostam, isso é natural. Podem me acusar de tudo,
Ver. João Dib; graças a Deus, não podem falar da minha integridade e do exemplo
que trago de casa. Do Ver. Haroldo de Souza nós podemos falar também, quem sabe,
muitas coisa, mas jamais podemos acusá-lo de estar desrespeitando o Regulamento
da Casa. É o que ele tem feito, e o Presidente é o guardião do Regulamento. O
Presidente está aqui para zelar pelo Regulamento. Esse Regulamento é o norte e
vale para todo o mundo. Então, não há democracia maior do que essa. Isso parece
uma doença, Ver. Mario Manfro, de que o nosso País padece, que eu não sei
exatamente qual é, mas é uma degeneração moral: todo mundo reclama da anomia,
da falta de regra, da falta de obediência às leis, às normas que estão aí
colocadas, mas quando fazem com que as normas sejam feitas, reclamam também!
Parece que a lei existe para cada um de nós, da porta da sua casa ou do seu
gabinete para fora, não valendo da porta para dentro.
Eu, que fui Secretário
de uma Secretaria que tem o dever, a atribuição de zelar pelo Código de
Posturas da Cidade, que é exatamente esse estatuto de convivência das pessoas
dentro deste grande condomínio – a Cidade –, observei mais do que nunca isso lá
na SMIC.
Ora, existe uma regra
para determinado estabelecimento – o estabelecimento tem de atender item X, Y,
Z. Aí o cara não consegue atender. Vão dizer: coitadinho. Vem cá, e se morre
alguém dentro de um estabelecimento desses? No dia seguinte, o Secretário, que
era o responsável por zelar pela integridade, pela higidez, pela higiene, pela
segurança e não fez nada disso, é crucificado? E será crucificado com toda a
razão, porque esta é triste doença de que padece o nosso País: a regra só vale
quando não está nos importunando!
Então, a minha
solidariedade, Ver. Haroldo de Souza, como companheiro de Bancada, porque o
nosso Partido está ao seu lado, porque o nosso Partido não existe... Eu vejo o
seguinte: vi outro dia, no Twitter, um intelectual do nosso Estado, que é
sabidamente um homem de esquerda – que bom, nada contra que alguém seja de
esquerda, seja de direita, tome a posição que quiser – relativizar o que é
certo ou errado de acordo com a sua conveniência ideológica! Mas, vem cá, fazer
a coisa certa ou fazer a coisa errada não tem a ver com esquerda ou com
direita, tem a ver com ética, tem a ver com coisas que trazemos de casa e que
não se deve transigir!
Aprendi com o meu
pai, que está aqui, uma coisa muito bonita: “Na espinha inflexível do caráter
não se tem dobradiça!” E é isso que se tem feito. Eu o parabenizo por isso!
Quero dizer à Ver.ª
Sofia, que esteve aqui – eu não tinha, infelizmente, tempo de Liderança, mas
foi muito bem respondido pelo Ver. Idenir Cecchim – que este grupo de que a
senhora falou, da Economia Solidária, dispõe de duas lojas nos altos do Mercado
Público, sem pagamento de aluguel; dispõe, no quadrante de feiras do Mercado
Público, sempre, todos os meses, de uma semana para exposição. Se há um Governo
que olhou com generosidade para esse segmento e para todos os outros, foi o
nosso. Quando eu fiquei molestado pela sua fala e lhe cobrei, cobrei que seja
justa, que reconheça essas coisas. Nós tiramos do Largo Glênio Peres, porque
havia uma ocupação abusiva, mas garantimos, dentro do Mercado Público, no
quadrante de feiras, loja de graça para a Via Campesina, para a Economia
Solidária, e para todos esses
movimentos. Portanto, a única coisa que se quer e que se pede é coerência e
lealdade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras, meus senhores e minhas senhoras, eu pensava que
eu não teria saudades desta Casa a partir do dia 1º de janeiro, mas acho que
vou ter, porque ouço algumas coisas aqui que me fazem rir. Por exemplo: o Ver.
Mauro Pinheiro falando da Comissão Parlamentar de Inquérito. Ele disse que a
força-tarefa do Tribunal de Contas, do Ministério Público e da Polícia Federal
vão resolver o problema. Portanto, a Comissão foi “para lamentar” mesmo; falou
dos R$ 354 mil devolvidos à Prefeitura, devolvidos ao Ministério da Justiça, no
convênio indicado pelo Ministro Tarso Genro. Mas esses R$ 354 mil estavam
naquelas 1.900 páginas que ele recebeu. Foi dito reiteradas vezes que isso
havia acontecido.
Agora, o prejuízo com
a Saúde – não adianta trazer documentado, pois não resolve coisa nenhuma, não
serve para nada, porque só vale a documentação do Ver. Mauro Pinheiro. Foi
mostrado que, no caso do Instituto Sollus – é uma vergonha que se diga
diferente quando está documentado –, foi de R$ 5 milhões e 824 mil, constatado
pela Prefeitura, que, imediatamente, acionou o Ministério Público, que
apresentou queixa na Delegacia de Polícia aqui em Porto Alegre e lá em São
Paulo também, pedindo a penhora dos bens dos diretores do Instituto Sollus.
Estão penhorados os bens, estão executando R$ 5 milhões e 824 mil. Eis que a
Prefeitura constatou a duplicidade de notas. Então, não foi descoberto aqui
coisa nenhuma. Estão dizendo aquilo que querem dizer da forma que querem dizer,
mas não é a verdade. Nunca houve os tais R$ 10 milhões.
Falar da Reação, da
empresa que fazia a segurança lá na Secretaria de Saúde – o PT a contratou,
reiteradas vezes, sem licitação; depois ela venceu a licitação em 2005. Durante
todo o tempo em que serviu ao PT foi sem licitação, e foi a mesma empresa que
venceu. Quiseram até solucionar o crime, que até agora não foi bem esclarecido,
resultando na morte de uma pessoa extraordinária – o Eliseu Santos. Até isso
era usado, isso é uma barbaridade! Então, eu fico muito preocupado com o que
vejo aqui e tenho medo de ter saudades quando olhar o Canal 16 e pensar que eu
gostaria de estar lá para rebater isso e informar aquilo. O importante é a
verdade! Quando alguém traz documentos aqui, constando o dia, hora e local,
acho que tem de haver algum respeito. Mas não, continuam dizendo a mesma coisa;
tudo foi a bancada do Governo que não deixou fazer. Mas, na verdade, a bancada
do Governo não é tão grande quanto dizem por aí. Já foi maior; diminuiu, mas
tem de ver que nem sempre nós tomamos as decisões.
Agora, quando éramos
oposição ao Governo dos 16 anos, nunca deixamos de atender aos interesses da
Cidade, nunca! Sempre resolvemos os problemas com a tranquilidade de quem
estava aqui para servir à Cidade, não para ser servido, não para fazer promoção
eleitoral, não para buscar votos, porque era mais interessante dizermos que
não, não faz isso, não faz aquilo. E eles, já administravam mal.
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): O Ver. João Antonio Dib prossegue a sua manifestação em Comunicações,
por cedência de tempo do Ver. João Carlos Nedel.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eles usavam, para fazer o Cidade Viva – isso não falam mais agora,
esqueceram tudo. O Cidade Viva resolvia todos os problemas, mas nós ajudávamos.
Agora, vem aí o Minha
Casa, Minha Vida. Para receber, tirar o dinheiro para o projeto, lá na Caixa
Econômica, é uma dificuldade imensa. Nós aqui na Casa aprovamos uma série de
áreas para serem entregue para a Caixa Econômica Federal para o programa Minha
Casa, Minha Vida. Só que tem uma coisa, ninguém quer fazer pelo preço que o
Governo Federal estipulou. Então, o culpado é o Governo Municipal. Não, o
Governo Municipal deu vantagens, mais vantagens e mesmo assim não está havendo
interesse. Agora, eu, se eu tivesse passado pelo Departamento Municipal de
Habitação, teria cuidado nas críticas que fizesse. Mas eu apenas entrei na
Prefeitura no Serviço de Habitação Popular, em 1952, sendo Prefeito o Ildo
Meneguetti, que instituiu essa organização antes da Cohab, antes do BNH que
Porto Alegre tinha. Eu fiz o loteamento da Batista Xavier, onde a maioria dos
que foram lá morar eram servidores municipais. Então, eu fico muito preocupado
com o que ocorre aqui e tenho medo de ter saudades dessas confusões todas.
A Sr.ª Sofia Cavedon: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dib, eu agradeço, porque V. Exa. é um
democrata. Eu quero só fazer a minha observação em relação ao ex-Secretário
Valter. Eu sei que tem esses espaços, mas eu acho que a minha defesa da
Economia Solidária é diferente. Eu acho que tem que estar na rua, no Largo,
para poder ser beneficiada pelo transeunte. O Ver. Valter conhece a minha
divergência. Mas eu quero mostrar, se for possível, o que está ocupando o Largo
Glênio Peres hoje. Aqui tenho uma foto que o Ver. Carlos Todeschini tirou hoje
pela manhã. (Mostra fotografia.) Aqui está um imenso boneco da Coca-Cola
ocupando todo o Largo Glênio Peres, estão vendo? Então, Ver. Valter, quando V.
Exa. fala da ocupação abusiva da Economia Solidária, eu lhe digo que isso é
abusivo, porque isso é comercial privado, de empresa privada, de refrigerante
que faz mal à saúde, patrocinado pela Prefeitura, pelo público. E faz mal à
saúde! Eu não concordo com esse uso do Largo Glênio Peres.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: É, Sr. Presidente,
eu acho que eu vou ter muitas saudades de ver essas coisas. Quer dizer, usa o
tempo em que estou falando, sobre um assunto completamente diverso, para trazer
um assunto que não estava sendo focado por mim. Aparte se dá em cima daquilo
que eu estou falando. Mas a minha Vereadora, que disse que era de R$ 30 milhões
o prejuízo da Cidade, não consegue nunca demonstrar isso. O Vereador-Presidente
da Comissão “para lamentar” de Inquérito disse que a diferença foi de R$ 2
milhões e não sei quanto. Mas é só nas contas dele.
O Ver. Comassetto
disse que deu R$ 439,00 por pessoa. Teria que ter mandado para a Saúde R$ 650
milhões, para dar os R$ 439 milhões. No ano passado, foram R$ 461 milhões.
Então, eu não sei como é que se fazem essas contas. Na escola em que eu aprendi
as primeiras letras e a tabuada, essa conta não levava mais do que zero. Não
sabem fazer contas, mas usam os números como se fossem verdadeiros, e eu tenho
que ouvir, porque eu fico o tempo todo aqui, eu não saio daqui – eu chego no
início, saio no final e tenho que ouvir. Eu acho que vou ter saudades. Vou
ficar olhando, com muita tristeza, e pensando: mas que pena eu não estar lá
para orientar, para dizer, para expor a minha ideia, mesmo que esteja errada.
Neste caso, acho que
é verdadeira, porque eu me baseio sempre nos números, não mais do que isso, e
os leio cautelosamente. Quando eu digo que o Lula diminuiu os recursos para a
Saúde da Cidade, eu estou falando a verdade: no ano de 2002, a Prefeitura
recebeu R$ 307 milhões para a Saúde; no ano de 2003, recebeu R$ 251 milhões; e
somente no ano de 2006 é que os R$ 307 milhões foram superados. Mas quanto à
inflação, já vi que estava faltando muito dinheiro. Até hoje a União continua
fraudando o povo brasileiro, quer seja o Dr. Lula ou a Dra. Dilma, que não
deram o que a Emenda Constitucional nº 29 determinava: 10% da arrecadação
tributária da União para a Saúde. Eles não dão nem 4%. Ela conseguiu, com o
Senado do José Sarney, com o Renan Calheiros, com uma série de figuras
maravilhosas, ou seja, com uma maioria absoluta, mais do que absoluta, o mesmo
valor de um ano, acrescido da variação do PIB do ano seguinte. Como este ano a
variação vai ser negativa em relação ao ano passado, quero ver como é que vão
fazer essa conta. Então, vamos falar dos números com a clareza que devem ser
falados, e não jogar números ao ar, para ver se alguém os apanha. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Não havendo
mais inscrições, está encerrado o período de Comunicações.
Solicito a
abertura do painel eletrônico, para verificação de quórum, para entrarmos na
Ordem do Dia. (Pausa.) (Após o fechamento do painel eletrônico.) Dezoito Vereadores
presentes. Não há quórum.
Passamos à
PAUTA
- DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª
SESSÃO
PROC.
Nº 0003/12 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 012/12, de autoria dos
Vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna, que altera a denominação da Avenida Presidente Castelo
Branco para Avenida da Legalidade.
2ª
SESSÃO
PROC. Nº 1684/12 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 131/12, de autoria do Ver. Márcio Bins Ely, que denomina Avenida Coronel Paulo Eloir
Bortoluzzi o logradouro não cadastrado conhecido como Rua 4063, localizado no
Bairro Coronel Aparício Borges.
PROC. Nº 0700/12 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 058/12, de autoria do Ver. Dr. Raul Torelly, que determina que a carga horária
integral dos servidores públicos municipalizados detentores de cargo de nível
superior sob o gerenciamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) seja de 20
(vinte) horas semanais.
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): O Ver. André
Carús está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ANDRÉ CARÚS: Boa-tarde Sr.
Presidente, Ver. Mauro Zacher; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores; retorno a
esta Casa para mais um período em função da licença do Ver. Sebastião Melo, e
também com a concordância dos outros colegas vereadores-suplentes que nos
cederam a possibilidade de estar aqui novamente em defesa da nossa atuação
Parlamentar e de projetos que protocolamos nesta Casa, os quais, na sua
maioria, estão na Ordem do Dia e prontos para serem votados. Aqui, na discussão
preliminar de Pauta, há dois Projetos que denominam ou tentam alterar as
denominações de algumas vias, então, eu queria fazer aqui uma relação que tem
tudo a ver com essas novas denominações que se pretendem e também com a
regulamentação do tráfego nas vias da Cidade. O nosso Projeto, que estava priorizado
para a Sessão de hoje e que deverá, automaticamente – Ver. Valter Nagelstein,
do nosso Partido, o PMDB –, retornar à Sessão de quarta-feira, é o PLL nº 102/
2010, que protocolei quando estive nesta Casa naquele ano, e ele propõe a
proibição de estacionamento nos dois lados das vias urbanas com até duas faixas
de circulação nos horários de pico, ou seja, nos horários em que o trânsito
enfrenta o maior problema, aqueles horários críticos, quando o tráfego é mais
acentuado. Essa medida tem por intenção ampliar o tráfego e fazer com que a via
ganhe mais um espaço de circulação. Então peço a consideração das Sras.
Vereadoras, dos Srs. Vereadores e de todas as Bancadas no sentido da sua
aprovação e da discussão em favor da qualificação da mobilidade urbana em Porto
Alegre. Lembro aqui que a Empresa Pública de Transporte e Circulação já aplica
essa medida, administrativamente, independente de lei municipal, em muitas vias
da Cidade, até mesmo com número superior de faixas ao que estamos propondo na
matéria. A Av. João Pessoa é uma delas: das 16h às 20h tem proibição e
restrição de estacionamento em um dos lados, exatamente para que o trânsito
ganhe maior circulação e mobilidade. E a Empresa Pública de Transporte e
Circulação deve primar por, além da fiscalização... E é, sim, competência do
Legislativo Municipal, conforme atesta a Procuradoria desta Casa, regular esta
matéria – o Parecer da Procuradoria dá abrigo a isso.
Então, eu queria
fazer uma solicitação, um pedido de consideração aos Vereadores e às Vereadoras
deste período para que analisem o nosso Projeto, que teve, inclusive, parecer
favorável e aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, porque a Cidade e
as pessoas, sejam elas condutoras dos seus veículos, sejam elas pedestres ou
usuárias do transporte coletivo, clamam por qualificação na mobilidade urbana
da Cidade e clamam por menos congestionamentos. Essa é uma das bandeiras que
assumimos desde a primeira oportunidade em que estivemos na Câmara Municipal. E
tenho certeza de que a aprovação desse Projeto virá no sentido de contribuir
para desafogar, e muito, o trânsito da Cidade no Centro Histórico e naqueles
bairros que possuem vias mais estreitas, vias com até duas faixas de
circulação. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. JOÃO ANTONIO
DIB (Questão de Ordem): Minha Questão de Ordem se refere à Pauta, ou seja, para
que se discutam os assuntos que estão na Pauta.
Mas vejo, aqui, em 1ª Sessão, o Projeto de Lei de autoria dos Vereadores
Pedro Ruas e Fernanda Melchionna trocando a denominação da Avenida Presidente
Castelo Branco para Avenida da Legalidade. Nós já não votamos esta matéria e
ela não foi rejeitada? Regimentalmente, ela pode ser reapresentada na mesma
Sessão Legislativa?
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Na mesma linha do Ver. João Antonio Dib: nós
aprovamos há três anos e pouco aqui nesta Casa uma figura regimental que se
chama precedente legislativo, o que significa que, quando um assunto já foi
votado, ele não pode mais, sob algum artifício, retornar, pois está superado, é
coisa julgada. Então, solicito a V. Exa. a manifestação da Assessoria Jurídica
e também da Diretoria Legislativa sobre a aplicação do precedente legislativo
sobre esse Projeto do Ver. Pedro Ruas e da Ver.ª Fernanda Melchionna.
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Faremos a
consulta junto à Assessoria Legislativa.
O Ver. Valter
Nagelstein está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, acredito que o Projeto do Ver.
André Carús é instigante e deve chamar todos nós a uma reflexão. Temos um
problema nas cidades – não é um problema de Porto Alegre, não é do Brasil,
infelizmente é um problema mundial –, que é a questão do tráfego, do trânsito,
dos engarrafamentos e da disputa do espaço nas cidades entre automóveis,
motocicletas, caminhões, bicicletas e todos os modais de transporte, e eu acho
que nós temos que avançar, sim, para encontrar soluções. No caso das
motocicletas em grandes vias, estou na iminência de apresentar também, Ver.
André Carús, um projeto que cria faixas exclusivas para motocicletas. Isso já
existe em São Paulo e é importante que nós façamos acontecer em Porto Alegre,
porque evita o zigue-zague das motocicletas, que aumenta muito o percentual, a
probabilidade de acidentes, porque, às vezes, está na zona cega do retrovisor,
o condutor do veículo não vê, e, por outras vezes, também acaba estimulando,
infelizmente, a imprudência de alguns motociclistas.
Então é importante a
ciclofaixa, como é importante discutir a questão dos estacionamentos e da
proibição e da vedação em alguns bairros.
A única questão que
fica, Ver. João Dib, e é uma reflexão que temos que fazer, é: o que iremos
fazer? Porque, na verdade, tem de haver um desaguadouro para isso. Nós
tentamos, agora, as manifestações públicas de interesse, o esforço que o nosso
Governo fez para a construção de estacionamentos subterrâneos. Num primeiro
momento malogramos, não conseguimos chegar a bom termo. Isso também nos traz um
ensinamento e uma reflexão, porque não há cidade no mundo que pretenda fazer
isso sem que haja um investimento e recursos orçamentários. Mesmo que façamos
uma PPP tem de ter recurso no Orçamento para isso. E aí entra um outro
problema: como é que numa cidade, com parcos recursos, como a nossa... É
verdade que tem um Orçamento de R$ 3 bilhões, mas a demanda é sempre maior, a
cidade cresce, crescem as vilas; e essas vilas que crescem precisam de
infraestrutura, precisam de luz, precisam de postos de saúde, precisam de
creches, pedem escolas, e o Orçamento vai ficando cada vez menor.
Então, como tiraremos
do Orçamento dessa ponta que tanto precisa, para fazer estacionamento
subterrâneo? É difícil essa matemática, esse milagre da multiplicação. Mas
temos que encontrar respostas, nós temos que nos debruçar sobre os problemas, e
temos que procurar solução. E quando se protocola e quando tramita, na Casa, um
Projeto dessa natureza, isso nos enseja a essa reflexão importante. E é para
isso que estamos aqui: para pensar estrategicamente a Cidade, seu
desenvolvimento econômico, a convivência das pessoas, o bem estar, a questão do
trânsito que é tão importante hoje em dia; o transporte coletivo. Outro dia fui
numa palestra, no Fórum Unimed, e um palestrante falou algo interessantíssimo:
em país desenvolvido, rico, anda em transporte coletivo; anda de metrô, anda em
bons ônibus. No nosso País é que as pessoas, na primeira oportunidade que tem,
vão até uma revenda para comprar um carro. Hoje em dia há uma propaganda, que é
legítima, de que, a cada três minutos uma determinada montadora vende um carro.
Temos mais de 750 mil veículos emplacados em Porto Alegre; temos em torno de
150 mil veículos que vêm da Região Metropolitana todos os dias para Porto
Alegre. Se olharmos o Projeto, contrastarmos o Projeto do Ver. André Carús com determinados
bairros, como Bela Vista, como Chácara das Pedras, como Três Figueiras, como
Petrópolis, nós vamos encontrar a dificuldade de hoje, de transitar, quase
impossível, e a dificuldade, no futuro, que vai ser, na eventual aprovação, da
vedação. Porque, de fato, eu não sei... com um agravante ainda Ver. André
Carús, que nós vamos ter que também nos debruçar aqui: o preço exorbitante,
proibitivo, escorchante, quase pornográfico, me desculpem, dos estacionamentos
na nossa Cidade. Colocar um carro num estacionamento privado custa R$ 20,00, R$
30,00, R$ 50,00... Então, nós temos também que pensar uma forma de nós
regularmos esta questão. Concedo-lhe o aparte, com muita alegria.
O Sr. André Carús: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para contribuir e agradecer a reflexão
importante que V. Exa. faz da tribuna. A vedação não se dá em caráter universal
de horário, pela proposta original. Ela se dá de uma hora e meia por turno, nas
primeiras horas da manhã, e no final da tarde ao início da noite, que se
considera o horário mais crítico de circulação do trânsito. Portanto,
obviamente, as preocupações são plausíveis, mas também há uma sensibilidade
quanto à inexistência de um desaguador específico para uma proibição universal.
Então, ela considera isso também. E há uma flexibilidade da proposta ao vedar
apenas horários determinados de uma hora e meia por turno.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: O Projeto é
meritório, eu quero apoiar, mas sempre me preocupa o seguinte: se nós vedamos o
carro, ele vai continuar circulando; se ele continuar circulando, nós não
desafogamos as ruas. Quer dizer, sempre as questões têm implicações diversas.
Mas o mérito do Projeto é esse, ele nos chama ao debate, nos chama à reflexão
sobre um tema que é atual, momentâneo, sobre um tema que nós precisamos pensar
e repensar, que é importante na convivência dos dias de hoje na Cidade...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): O Ver. Toni
Proença está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. TONI PROENÇA: Sr. Presidente, Ver.
Mauro Zacher; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, senhoras e senhores; Ver.
João Antonio Dib, Líder do Governo, eu tenho vindo a esta tribuna, Ver.
Paulinho Rubem Berta, seguidamente, para tratar de um tema fundamental que a
Cidade enfrenta: a regularização fundiária e a urbanização. Mas, hoje, trato de
um tema também fundamental que é resultado da ocupação irregular. Com esta
chuva torrencial que caiu durante três ou quatros dias e que assolou Porto
Alegre, nós tivemos lá na Vila Farroupilha, um alagamento das 120 casas que
existem lá, se é que se pode chamar de casas muitos daqueles barracos dos que
estão lá assentados. E a Vila Farroupilha já tem um Projeto para reassentamento,
ao lado da Vila Asa Branca, bem próximo de onde ela se encontra. E o que
acontece é que a Vila Farroupilha está assentada ao longo do arroio Sarandi, e
há uma obra grande de drenagem de uma empreiteira do outro lado do arroio, que
recebeu autorização, Ver. Carús, da Prefeitura, para que essa drenagem fosse
feita no arroio Sarandi. Uma chuva daquelas somou-se à drenagem do terreno –
que anteriormente ia para outro lado – e à cheia natural do arroio em época de
muita precipitação, e alagou todas as casas. Como são casas e barracos
precários, as pessoas estão lá em condições muito precárias mesmo, e já existe
uma área nova que é para reassentá-los, inclusive com Projeto aprovado na Caixa
Econômica, do Minha Casa, Minha Vida. Acontece que a licitação deu deserta. Na
verdade não deu deserta, os três primeiros vencedores da licitação abriram mão
da licitação pelo baixo custo do Minha Casa, Minha Vida.
Então, o que eu venho
propor hoje aqui, Líder João Antonio Dib, é que a gente faça uma ação
emergencial lá com casas de emergência, porque as pessoas estão morando em
verdadeiros chiqueiros, que já eram casas precárias, e, com a água, ficando
dois ou três dias dentro das casas, sendo a maioria de madeira, ficaram em
condições subumanas. Era preciso que a Prefeitura fizesse uma ação de
emergência – faço um apelo a V. Exa. – em não mais do que 10 ou 20 casas,
naquela Vila, para que atendesse pessoas em condições muito indignas de
sobrevivência. Tenho certeza de que com as casas de emergência elas poderiam
ter – até o tempo do reassentamento que, no mínimo, vai levar um ano e meio –
uma condição melhorada na sua sobrevivência. Esse é o apelo que faço ao Governo
Municipal, que tenho certeza será sensível a essa causa, e faço isso na pessoa
do Líder do Governo que tem se mostrado aqui sempre atento às questões que
interferem na condição humana. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, meus senhores e minhas senhoras, em primeiro lugar, queria
agradecer a presteza com que a Assessoria Legislativa respondeu a Questão de
Ordem que eu havia formulado em relação ao Projeto que tenta – tenta, digo eu –
mudar o nome da Av. Castelo Branco para Av. da Legalidade. Nada contra a
Legalidade; tudo contra a troca do nome, até porque a Av. Castelo Branco é uma
Rodovia Federal e não uma avenida do Município. Tanto é verdade que a
quilometragem ali está marcada: meio quilômetro, um quilômetro, um quilômetro e
meio, dois quilômetros, dois quilômetros e meio, três quilômetros... É verdade
que o Município participou na construção da Av. Castelo Branco; foi na
Administração Telmo Thompson Flores, e eu era seu assessor engenheiro e fui
encarregado, juntamente com o Diretor do DNER da época, Cloraldino Severo, e o
Diretor do DAER, Kurt Lux, a gestionar para que fosse logo pavimentado aquele
trecho. Mas não é uma avenida do Município, tanto que a velocidade permitida é
de 80 quilômetros por hora.
Sr. Presidente, o Regimento Interno diz que Pauta é para se discutir os
assuntos em Pauta, mas como não são só os assuntos da Pauta que foram
discutidos, eu, estando presente, sou obrigado a dizer, pelo meu passado – eu
já presidi o Conselho Estadual de Trânsito, eventualmente, fui membro do
Conselho durante 17 anos, e Vice-Presidente do Conselho por muito tempo e
também, por duas vezes, fui Secretário dos Transportes – que a proposição do
Ver. André Carús, por mais interessante que seja, encontra óbice, e é a
primeira vez que vou discordar da Procuradoria da Casa. O art. 21 do Código
Nacional de Trânsito diz que compete
aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres
e de animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança do
trânsito.
Vejam que compete ao órgão Executivo, e não ao Legislativo. A
Procuradoria – e aí a minha discordância – se ampara para dizer que é legal e
regimental, que não há óbice, no art. 24 da mesma Lei do Código Nacional de
Trânsito, que diz (Lê.): “Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de
trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição: I – cumprir e fazer
cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições; II
– planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos (...).”
Portanto, não cabe a iniciativa à Câmara Municipal, por mais méritos que tenha.
Apesar de a Comissão de Justiça dizer que não havia óbice, há. As outras duas
Comissões que se manifestaram o fizeram contrariamente. Devo dizer que, na
Comissão de Finanças, o voto era pela rejeição, e eu votei com restrições,
porque, eu, naquele momento, tinha dúvidas. No entanto, eu agora leio o Código
Nacional de Trânsito e, se eu não respeito a Legislação Federal para a Cidade,
eu não sei o que estou fazendo aqui. Quanto à solicitação do Ver. Toni Proença,
eu vou solicitar ao Executivo que estude a possibilidade de atender o que ele
solicita. Saúde PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro
Zacher): O Ver. Dr. Thiago
Duarte está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. A Ver.ª
Fernanda Melchionna está com a palavra para discutir a Pauta.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa-tarde a
todos e a todas; hoje entra em primeira Sessão de Pauta o nosso Projeto,
reapresentado por mim e pelo Ver. Pedro Ruas, que altera o nome da Avenida
Castelo Branco para Avenida da Legalidade. Vocês sabem que, nesses quatro anos
de mandato, foi o primeiro Projeto que eu fiz tratando sobre denominação de
rua, pois há uma questão que me parece fundamental que é reparar a história. O
Brasil foi condenado na Corte Interamericana, em 2010, pelo descumprimento de
justiça de transição, por não haver punido nenhum dos torturadores envolvidos
na ditadura militar, responsável por milhares de assassinatos, centenas de
desaparecimentos forçados por violência, prisão, repressão, ataque a
sindicalistas e a estudantes. Todos vocês sabem que o Castelo Branco foi um
ditador! Não foi eleito pelo povo brasileiro, não foi escolhido como
representante da Nação, ao contrário: ele foi escolhido por uma elite econômica
que, apoiada pelo Exército Brasileiro, deu um golpe. É verdade que não por todo
o Exército. Houve mártires da resistência, como o Comandante Lamarca, meu
próprio avô foi aposentando pelo Exército – meu falecido avô – por ser
contrário à ditadura militar. O próprio Castelo Branco aposentou quase quatro
mil funcionários públicos que não concordavam com os anos de chumbo, vários
deles do Exército Brasileiro, porque muitos honraram o compromisso de defender
a Pátria e não atacar a Pátria, como fez o Exército na ditadura militar, atacando
o povo brasileiro! Nós queremos, sim, mudar a história, ou melhor, reparar a
história. Não mudar a história, a história foi feita! E graças aos militantes
brasileiros por democracia, a ditadura foi derrotada. Mas uma homenagem numa
rua que não passou por nenhum Parlamento, Ver. João Antonio Dib, porque o nome
dessa rua não foi aprovado por esta Câmara, ela virou Avenida Castelo Branco
num discurso do General Médici aqui em Porto Alegre, nos anos de 1970. Sequer
legislação tem para denominar aquela rua como Av. Castelo Branco! Uma rua que
homenageia um ditador não é história, é o contrário de história! É contra a
história porque não ajuda o povo brasileiro a resgatar a sua história, a sua
memória, inclusive para barrar as torturas e a violência atual. Muitos dizem
que isso é assunto do passado. Não é assunto do passado! A impunidade de hoje é
por conta da impunidade de ontem! Em outros países da América Latina, agora, em
plenos anos 2000, nós vivenciamos ditaduras, como em Honduras, onde houve um
golpe contra o Presidente Zelaya. A única forma de barrar a ocorrência de
atrocidades como essas no futuro é resgatar a memória e punir os torturadores
como a Argentina faz agora, como o Uruguai faz agora e como, infelizmente, o
Brasil ainda está longe de fazer, porque a Comissão da Verdade ainda não é a
comissão da verdade e da justiça, e o Ver. Pedro Ruas é a linha de frente na
luta por verdade e justiça! Por isso, nós queremos mudar, sim, o nome da Av.
Castelo Branco! Os ditadores não podem ser homenageados. Se quisermos resgatar
a história, deveria se chamar Avenida Ditador Castelo Branco, responsável por
crimes contra a humanidade, responsável por aposentadorias, desaparecimentos
forçados, tortura, violência e assassinatos! Mas não é o que diz na placa. O
que diz na placa hoje é uma homenagem a um ditador. Por isso nós queremos
trocar o nome para Avenida da Legalidade. Em 14 de dezembro do ano passado,
infelizmente, esta Câmara é tão conservadora que sequer isso alterou. Nós
estamos reapresentando este Projeto, porque não nos daremos por vencidos, como
milhares de jovens não se deram por vencidos durante a ditadura e resistiram e
atuaram de todas as maneiras para derrotar a ditadura militar. E é por isso que
nós pedimos que a Câmara dê um pequeno passo na direção do resgate da memória e
da justiça acabando com as homenagens aos ditadores e começando a reconstruir
uma homenagem fundamental ao processo da Legalidade. O processo da Legalidade
foi o maior levante que o povo gaúcho fez justamente...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Não havendo
mais inscrições para a discussão de Pauta, está encerrada a Sessão.
(Encerra-se a Sessão
às 16h24min.)
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